Fernando Nicolau de Almeida sonhou e um vinho muito especial nasceu no Douro em 1952, chamado Barca Velha. Em 69 anos, apenas 20 colheitas foram selecionadas. Atingiu um estatuto mítico entre os vinhos portugueses, ao ponto de uma só garrafa custar acima de 500 euros.
De todos os vinhos por ele criados, aquele era o predileto. Um sonho tornado realidade numa altura em que Portugal, e a região do Douro, era quase exclusivamente sinónimo de vinho do Porto. O Casa Ferreirinha Barca Velha, que nasceu para ser bebido no auge de uma velhice que poucos vinhos de mesa conseguem alcançar, tornou-se imortal e, com ele, Fernando Nicolau de Almeida.
É este o homem que, em plena década de 1950, teceu uma filosofia de vinho ainda hoje replicada. Diz quem o conheceu que o sonhador oficial da Ferreirinha era um desses senhores do Porto com pouco gosto em subir até ao Douro, tal como conta a jornalista Ana Sofia Fonseca no livro Barca Velha – Histórias de um vinho. O calor e a inacessibilidade da região vinhateira faziam-lhe torcer o nariz e repetir uma expressão que à data se popularizou:
“É mais difícil ir ao Meão do que a Luanda.” Tão poucas letras para tamanha fama: foi no Meão que nasceu o primeiro Barca Velha, vindo diretamente da histórica colheita de 1952.