Custa a crer que a Aldeia da Mata Pequena fique apenas a 40 minutos de Lisboa. É outro mundo, rústico e simples – uma ida à terra dos avós sem a parte toda das curvas. O mobiliário veio de mais perto ainda: “não fez uma viagem superior a 20 quilómetros, são peças autênticas e da região”, garante Diogo Batalha. Apaixonado pela chamada zona saloia, juntamente com a mulher fez da recuperação desta aldeia de Mafra o seu projeto de vida.
A primeira pedra foi, na verdade, um papel. “Queríamos sair de Lisboa e vir para cá morar, por ser um lugar tranquilo e porque já gostávamos da arquitetura saloia tradicional”, conta o proprietário. A questão estava em descobrir a paisagem e a ruína certas, isto é, o mais intocadas possível. “Lembrei-me de pedir a carta militar mais antiga que havia, para a comparar com a da altura, e os sininhos tocaram com a Aldeia da Mata Pequena porque, passados 180 anos, estava praticamente igual.”
A ruína que o casal recuperou, já lá vão 20 anos, é hoje a Casa do Vinho, uma das 14 que se podem reservar no projeto de turismo aberto entretanto, em 2006. “Começámos com seis casas, depois fomos recuperando outras ao ritmo de uma casinha a cada dois anos.” Às casas – em breve, mais dois moinhos –, juntaram animais: burros, cabras, ovelhas, galinhas, patos, codornizes, coelhos e até um porco chamado Guedes, que as famílias com crianças podem ajudar a alimentar.
Quando o casal fez a primeira visita, em 1997, a aldeia não estava completamente abandonada e tinha ainda quatro famílias. A ajuda desses “anciãos” acabou por ser fundamental no projeto de recuperação – “lembravam-se dos pormenores e até das cores e da posição dos móveis”, e por isso mesmo há alojamentos que se chamam Casa do Ti Eduardo, ou Casa da Ti Jacinta, em jeito de homenagem.
Há nomes, mas não há placas de hotel, antes uma única rua com casas brancas ou empedradas de um lado e doutro, cercas de madeira para os pequenos jardins e utensílios agrícolas espalhados um pouco por todo o lado, de regadores a carrinhos de mão. Algumas casas (de T1 a T4) são antigos palheiros ou lagares, equipadas agora com conforto, e no lugar da receção funciona também uma mercearia. Os ingredientes para o pequeno-almoço estão incluídos na estadia – incluindo o pão de Mafra, pendurado à porta de manhã, ainda quentinho.