Empoleiradas no alto da “aldeia mais declinosa da serra da Estrela”, com a fachada em granito e a sua própria cascata, as Casas da Lapa são um postal da montanha e também uma história de visão e persistência.
Os primeiros quartos abriram em 2005, no lugar de uma casa de 1832, em ruínas, que Nuno Bravo e Maria Manuel recuperaram, contra o conselho de especialistas. Por influência de uma temporada em Itália, “onde o agroturismo já era muito valorizado há 20 anos”, o casal queria investir na aldeia onde Nuno cresceu – Lapa dos Dinheiros, na Guarda – e proporcionar o chamado turismo de natureza e de descanso. “Chegámos a contratar um consultor, que nos disse para não o fazermos”, recorda a proprietária. Confiando no instinto, resolveram ignorá-lo, e o tempo provou que estavam certos: dos cinco quartos iniciais, em pouco tempo passaram a oito e, mais recentemente, a esses juntaram-se outros sete – são agora 15 ao todo.
O projeto de ampliação, concluído em junho de 2020, foi assinado pelo arquiteto Jorge Teixeira Dias num registo minimalista mas acolhedor, e trouxe também um spa, novas suítes, uma piscina interior, uma segunda exterior e uma biblioteca onde uma pequena sala presta homenagem às buracas, uma espécie de grutas escavadas nas casas das aldeias de antigamente, para salgar as carnes ou guardar ferramentas.
Juntar o tradicional e o contemporâneo é uma filosofia que atravessa todo o projeto e que se pode provar, à mesa, no restaurante do hotel. Com menu de degustação ao jantar, a carta vive de produtos serranos num registo de fine dining. Já o pequeno-almoço, bastante variado, arranca às nove da manhã e não tem hora limite, porque a ideia é mesmo descansar.
Um trenó de madeira na sala de estar, em frente à lareira, lembra que a neve está a pouca distância de carro. Quem não quiser conduzir tem um percurso pedestre a passar mesmo em frente às casas: a Rota da Caniça, de dificuldade moderada, e que permite um panorama inesquecível do parque natural.