De uma certa perspetiva nem se vê, mas desde que o mundo a descobriu não mais parou de chamar a atenção. A Casa na Terra foi desenhada pelo arquiteto Manuel Aires Mateus para se fundir com a paisagem de Monsaraz – está semienterrada e coberta de vegetação, uma espécie de caverna futurista que foi escolhida como edifício do ano 2020 pelo site da especialidade Arch Daily.
Aires Mateus desenhou-a como casa particular, mas é possível dormir no seu refúgio de betão através da Silent Living – a mesma empresa por de trás da Casa no Tempo, das Casas na Areia e das Cabanas no Rio, igualmente disponíveis para reservar e todas com o dedo do arquiteto.
O namoro é longo, mas aqui pode dizer-se que foi levado – ou descido – a outro nível. Construída junto ao lago Alqueva, a casa subterrânea aproveita uma inclinação do terreno, de tal forma que o único elemento que tem à vista é um pátio com uma cúpula. Através de uma escadaria desce-se para os três quartos, enterrados mas iluminados por pequenos pátios circulares pintados de branco – autênticos poços de luz quando vistos de cima. A cozinha e a sala dão para o único vértice desenterrado, onde a tal estrutura em abóbada se assume como o coração da casa e se abre para a água.
A natureza é quem mais manda, e até a decoração o sabe. No registo sóbrio do arquiteto, o ambiente é minimal, com uma grande mesa de jantar, contígua à ilha da cozinha, portas maciças de madeira e puxadores de armários que – mais um pormenor original – não são puxadores tradicionais, mas sim cordões.