O lote aparecia nas oportunidades para comprar, “mas era um verdadeiro triângulo das Bermudas”: 45 metros quadrados de forma triangular, com a ruína de uma casa de paredes tão grossas que quase não havia espaço para mais nada. “Estávamos em 2011, em plena crise, a Tânia estava grávida da nossa primeira filha e tinha acabado de ser despedida. Estava tudo a correr mal, mas comprámos o terreno”, recorda Luís Pedro Pinto. “Não tínhamos dinheiro para construir a casa, mas trazíamos cá os nossos pais e fazíamos visitas regulares à ruína”, então numa espécie de pousio, como o país. Amigos e familiares “levavam as mãos à cabeça, diziam que era impossível, pelas limitações do terreno, fazer o que quer que fosse, e não percebiam”. Enquanto isso, o arquiteto jogava um jogo de paciência e imaginava aquela que iria ser a casa da família, sete anos depois.
As obras arrancaram em 2016, “quando as coisas começaram a melhorar”, e o casal de arquitetos mudou-se para o edifício unifamiliar em 2018, já com duas filhas. Para trás ficava um apartamento num prédio de 12 andares nos Olivais, com 52 famílias. Uma nova escala, num bairro mais tradicional de Lisboa, e um nome – Casa Triangular – que nasceu do grande desafio de domar vértices e potenciar a área.
“Como o terreno tinha apenas 45 metros quadrados de implantação, havia a ideia inicial de fazer a casa por fatias”, diz o arquiteto, “e também separar as zonas” em três andares: uma primeira área de entrada para trabalhar, um segundo piso social, outro para os quartos, e ainda um terraço com uma exposição solar privilegiada e vista para o rio, num total de 140 metros quadrados de área útil, 180 mil euros em obras.