Mário Domingues e Paula Cabrito queriam recuperar uma ruína no Alentejo para ir ao fim de semana e saíram-lhes três. Hoje, essas ruínas são as Casas Caiadas, um dos seis melhores retiros do mundo, segundo o Sunday Times Travel e “Most Tasteful Renovation” para a revista Monocle.
As três casas têm características diferentes, mas todas foram alvo do projeto de requalificação do arquiteto Luís Pereira Miguel, com uma coisa em mente: manter a traça alentejana original. Isso explica o teto com barrotes de madeira à vista, a telha antiga e sobretudo a pedra que espreita um pouco por todo o lado, estrategicamente alternada com a cal.
A casa social onde fica a sala de estar, a cozinha e o forno a lenha – e único sítio onde há internet – era um antigo moinho de água, um dos maiores da região. O arquiteto inspirou-se na forma em arco dos canais por onde passava a ribeira vizinha, ainda visíveis, para desenhar a piscina. Toda branca e arredondada, parece azul por causa do reflexo do céu.
Sobram duas casas: uma com três quartos e outra toda em pedra, onde antigamente se guardava a palha e que agora dá para um casal. Em todas, a decoração cruza mobiliário antigo restaurado e peças de design, como os pufes do designer João Bruno, que parecem novelos e são feitos com lã de Arraiolos, ou os candeeiros em cortiça da Simple Forms. Neste quadro minimal e ao mesmo tempo acolhedor, que pode ser arrendado em exclusivo por um máximo
de 10 pessoas, há ainda galhos a fazerem de cabides, arranjos de flores secas e até o corno de um veado encontrado por Fanica, o rafeiro alentejano do casal. Televisão e rede de telemóvel nem vê-las, o que explica que 80% dos hóspedes sejam estrangeiros à procura de um refúgio tranquilo. E de autenticidade.