Junto à porta de entrada e na roupa da casa, a palavra aparece escrita à mão, em mais uma homenagem dos herdeiros: “Pedimos à nossa mãe para escrever Lameirinhos com a caligrafia dela”, conta José Adrião. A tarefa acabou por se revelar demasiado complicada devido às sequelas de um AVC, mas os filhos não desistiram: “Fomos às cartas de amor que ela tinha escrito ao nosso pai, que eram muitas, e retirámos cada letra.”
A maioria do mobiliário já lá estava ou foi sendo recolhido em lojas vintage, à exceção das camas – “rangiam por todo o lado, eram muito pequenas e foram substituídas por sommiers” – e dos armários minimais que fazem as vezes de roupeiro, desenhados pelo arquiteto. “Tentámos manter o espírito da casa, mas dotá-la de conforto”, resume Margarida. No inverno, a salamandra está sempre ligada e há famílias que reservam a casa para passarem o Natal juntas.
O pequeno-almoço é deixado todas as manhãs na sala de jantar pela caseira Helena, que faz as compotas com as frutas do quintal e prepara os arranjos de flores espalhados um pouco por todo o lado, assim como a água aromatizada com alecrim deixada nas mesas de cabeceira. Os candeeiros, cabides e cadeiras são todos diferentes, e no piso de baixo, transformado em sala de leitura e de jogos, veem-se ainda os fornos da antiga padaria. Há até mesmo um bloco, emoldurado, onde se lê: “pães de 2.a, carcassas, pães de 1.a, pães de quartos e papossecos”.