Sul
Feitas à mão com pele de Alcanena, as malas da Sul são duradouras e intemporais.
Texto: Ana Dias Ferreira
Um improvável saco de plástico foi a inspiração que levou Dora Osório a criar a Sul. Improvável porque, ao contrário de algo efémero e descartável, a marca fabrica malas duradouras e intemporais, feitas à mão com pele de Alcanena.
Pedro Barata é o artesão que executa todas as peças. O ofício vem de família, já que o pai era o correeiro dos CTT e fazia as malas de couro dos carteiros, para além de ter trabalhado com marcas como a Chanel e a Louis Vuitton. Todas as peças são cortadas e cosidas à mão, com agulhas específicas e linhas fortes, previamente enceradas. “Não temos coleções, não contribuímos para o consumo desenfreado”, diz Dora. Cada peça nova, criada a partir de um desenho original, vai ficando na história da marca e sendo produzida com tempo, ou mesmo por encomenda. “Saudade” recria os antigos sacos dos carteiros – os tais que o pai de Pedro Barata fazia e que transportavam as cartas antes dos trolleys – e “Bazar” é a versão em pele, nada descartável, do comum saco de plástico. Outras criações incluem uma mala para segurar pela dobra, inspirada nos antigos sacos de papel usados nas padarias e mercearias, e também carteiras, bolsas para os óculos e um nécessaire.
Com curtimenta vegetal, a pele escolhida é sobretudo a mais clara, pouco tratada e que vai envelhecendo com o tempo. Um conselho de Dora para cuidar de cada saco é hidratá-lo com uma pomada própria, à base de cera de abelha.