O pé-direito de quatro metros e meio obrigou, e ainda hoje obriga, a alguma ginástica. A mais literal é aquela com que Manuel Aires Mateus nos surpreende numa visita guiada pela casa. Ao mostrar as prateleiras da biblioteca, presas à parede, salta para cima da mesa para chegar a um livro enquanto diz, com naturalidade: “a mobília também foi desenhada a pensar nisto”.
Quando está no chão, é um dos mais reconhecidos arquitetos portugueses, prémio Pessoa em 2017 e autor de dezenas de obras ligadas à cultura, ou particulares. Como não podia deixar de ser, a casa onde vive, junto à Sé de Lisboa, foi desenhada por si num trabalho a quatro mãos, desta vez não com o irmão Francisco, com quem tem assinado vários projetos no atelier Aires Mateus, mas com a mulher Sofia, também arquiteta. “Foi o primeiro e único projeto que fizemos até hoje, porque normalmente não trabalhamos juntos.”