Lagostas, hambúrgueres, sapatos, cozinhas inteiras e até um gigantesco pé de feijão a irromper do chão da Livraria Lello. Tudo em papel. No centro do Porto, o estúdio Oupas! (que é como quem diz “bora lá” em portuense) transforma a matéria plana em objetos tridimensionais. Estes podem não ser os recursos mais nobres do mundo, mas foi com eles que Joana Croft, Sofia Farinha Gomes e Cidália Abreu construíram uma linguagem própria.
“Nunca planeámos propriamente fazer coisas de papel e cartão, simplesmente queríamos juntar-nos para desenvolver algo. Não tínhamos muito dinheiro e estes eram materiais baratos e fáceis de trabalhar”, conta Sofia, uma das fundadoras do estúdio.
Estávamos em 2010 e as três amigas tinham terminado o curso de Design na Escola Superior de Estudos Industriais e Gestão, em Vila do Conde. Mais do que estar à frente de um computador, a faculdade tinha-lhes ensinado a usar as mãos. Os primeiros tempos foram passados a trabalhar nas instalações da escola e nas primeiras produções, sobretudo cartazes e flyers, bem menos espetaculares do que as peças que vemos hoje. Mas o caso mudou de figura quando foram convidadas a fazer uma montra artística no Centro Comercial Bombarda, no Porto. “Foi aí que nos apresentámos à cidade. Foi um trabalho mais tridimensional, uma espécie de manifesto com letras grandes. Pensávamos que ia ser pontual, mas muita gente viu e achou graça precisamente por ser diferente.”