Nasceu em Miranda do Douro, cresceu entre o rio, a ruralidade e as férias grandes de verão em Espanha com os pais. Com 15 anos já sabia que queria seguir arquitetura, mudou-se para o Porto para estudar o ofício e foi durante o percurso académico que conheceu Alberto Neves. “Foi meu professor de construção e era da mesma geração do Siza Vieira. Lembro-me de que ligava muito aos pormenores de caixilharia e carpintaria, passou-me completamente essa obsessão pelos detalhes”, diz. Uma obsessão que anos mais tarde levou para o universo improvável dos bombons. Não sem antes ter mudado de vida várias vezes.
Paulo Horta trabalhou com o seu mestre durante quatro anos, passou por outros gabinetes de arquitetura consagrados da cidade, até que em 1993 abriu o seu próprio ateliê, numa altura em que a sua minúcia já dava nas vistas. “Tudo tinha que bater certo, da torneira ao azulejo”, diz. Organizado e altamente perfeccionista, começou a sofrer com este método de trabalho e gradualmente deixou de ter prazer em fazer arquitetura.
A intenção era dedicar-se ao design e à decoração de interiores, mas a vida trocou-lhe as voltas e acabou por se inscrever num curso de cozinha na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto. “Um dia ao cortar legumes para uma sopa percebi que aquilo me relaxava e me fazia abstrair do meu dia a dia. Deu-me um clique qualquer e achei que era engraçado estudar gastronomia.”