Tudo começou por causa de uma necessidade profissional. Em 2015, o chef João Rodrigues concluiu que, por muita qualidade que tivesse, o restaurante Feitoria, em Lisboa, poderia ser facilmente replicado em qualquer parte do mundo. Às técnicas e parâmetros adotados
na cozinha faltavam os ingredientes e, à boleia destes, a identidade. “Percebemos que tínhamos de usar produtos portugueses. Quem nos visitasse de outro país teria de sentir que tinha realmente feito uma viagem à mesa.” A procura de pessoas com uma determinada filosofia de produção começou nesse mesmo ano e, verdade seja dita, está longe de terminar. Ciente de que tinha um universo por desbravar, o chef fez-se à estrada para visitar produtores e conhecer os seus métodos.
Em 2017, quando o restaurante já gozava de um mapa interno de produtores-fornecedores – e de uma estrela Michelin –, as viagens de norte a sul do país intensificaram-se com o objetivo de poder partilhar informação com os colegas de profissão, com o público em geral e com as gerações vindouras. “Assim surge o Projecto Matéria”, diz João Rodrigues, referindo-se ao site lançado em 2020 que funciona como uma base de dados pública – uma iniciativa sem fins lucrativos, desde a raiz. Aí acumulam-se dezenas de produtores de queijo, peixe e marisco do rio, mel, especiarias, gado e até bolotas. A ideia é também potenciar a distribuição e escoamento dos produtos.
