Em 2010, a aldeia Ferraria de São João, com 40 habitantes, ganhou mais dois: Pedro Pedrosa e a mulher, vindos de Lisboa à procura de qualidade de vida. A trabalhar na área do turismo de natureza, Pedro já conhecia bem as aldeias do xisto e apaixonou-se pelas ruínas em pedra do lugar de Vale do Ninho – estrategicamente no ponto onde acaba a estrada de alcatrão e começa a serra da Lousã, e com uma infinidade de percursos para explorar a pé e de bicicleta.
O casal instalou-se e começou a receber os primeiros hóspedes na casa recuperada, em formato bed & breakfast. “Era também uma forma de quebrarmos o isolamento”, recorda o proprietário. “Porque a grande questão de viver nestes sítios é mesmo o isolamento social.” Com o nascimento dos filhos – e logo um par de gémeos –, acabou por nascer outro projeto: recuperar os três palheiros em ruínas na propriedade, datados do século XIX, e chamar o arquiteto Pedro Brígida – “uma referência por causa da Casa das Penhas Douradas e das Casas do Côro” – para assinar a renovação.
Em 2014, os palheiros deram lugar às Vale do Ninho Nature Houses: três casas com capacidade para três a cinco pessoas, interiores em open space, revestidos a madeira de pinho e bétula, e acesso à piscina natural e ao jardim onde não faltam burros, baloiços e um trampolim. Muito procuradas por famílias, todas as casas estão equipadas com cozinha – havendo a hipótese de receber um cesto com o pequeno-almoço, à base de produtos locais
– e na propriedade há bicicletas elétricas para alugar, incluindo para crianças.
Para viver o espírito desta aldeia do xisto e ter contacto com a comunidade local, existem ainda workshops onde é possível aprender a fazer pão em forno de lenha e queijo de cabra fresco, desde a ordenha até ao passo – ou dentada – final.