A paragem marcada numa chapa de metal faz parte da decoração. Na antiga Aldeia de Cima de Cotas já não passa nenhum autocarro, e a escola primária, dividida ao meio para separar os sexos, já não ensina meninos nem meninas há décadas. Não é, no entanto, uma aldeia em ruínas ou sem vida. Há 15 anos, Manuel Casal descobriu este recanto do país “para fugir da Comporta” e, juntamente com Eckhard Frank, foi recuperando casa a casa até pôr de pé a Villa Pedra.
O projeto de turismo de habitação nasceu oficialmente em 2009, pela mão dos dois sócios, os mesmos proprietários da loja Stivali, a primeira a trazer marcas de luxo como a Chanel para Portugal. E se o cenário criado nesta aldeia da serra de Sicó é muito diferente do que se vive na avenida da Liberdade, as origens dos donos ajudam a explicar o que de outra forma seria inusitado, como a predilecção por cadeiras de design, ou a presença de um heliporto junto ao galinheiro.
A recuperação foi assinada pelo arquiteto Victor Mineiro, e desde o início a ideia foi manter a traça e as técnicas de construção locais, incluindo a cal ocre que dá um tom cor-de-rosa às casas. São 14 ao todo, com um ou dois quartos, jardim privativo, cozinha equipada, ar condicionado ou aquecimento central e duches originais, feitos com blocos maciços de pedreiras da região. Quando veio, Manuel Casal ficou apaixonado “pela vibração do vale e a vegetação”, incluindo “36 espécies de orquídeas”, mas também “a pedra toda que tinha”. A mesma surpresa espera quem passeia pelos jardins, onde existem recantos que chegam a fazer lembrar Sintra.
Para mergulhos, há duas piscinas de água salgada; para matar a fome, um restaurante chamado simplesmente A Cozinha, com várias salas decoradas de forma original e opção
de servir a refeição em casa. Quanto à escola primária desativada, feminina e masculina, foi transformada também em duas moradias, com direito a mapas, ardósias e demais mobiliário escolar como companhia.